Recentemente eu saí da sessão de terapia com a realização de que eu não quero consertar nada, não quero criar um futuro brilhante na minha frente e definitivamente não quero ter relações boas com aqueles que me traumatizaram. Eu queria ter tido memórias boas com essas pessoas, queria que tivéssemos sido felizes, brincado, queria ter aprendido a viver com eles. Mais especificamente com ela.
Como eu posso chorar de saudades de algo que eu nunca tive? Como eu posso desejar TANTO que as coisas fossem diferentes, se eu NUNCA tive algo diferente com ela? E nossa, como é difícil perceber isso, parece que a resposta era ÓBVIA e estava na ponta da língua, mas... Mas eu nunca me atreveria a dizer, muito menos em voz alta.
Mas é isso mesmo, eu queria ter vivido, ter tido uma infância feliz e segura, mas a verdade é que eu nunca me senti segura, nunca me senti acolhida e amada, eu nunca tive uma base para me segurar, parece que eu tive que construir tudo do zero, das cinzas, tive que lidar com meu coração partido e aceitar que as pessoas são assim mesmo, sempre me adaptar pelo mínimo de atenção, me adequar ao modo como as pessoas são para ser aceita. Por que ninguém pode fazer o mesmo comigo sem eu me sentir culpada? Como se realmente, me amar fosse EXTREMAMENTE DIFÍCIL? Eu nunca me expus pra ninguém, mesmo eu sempre chamado a atenção de todos, ninguém nunca quis entrar e... mostrar que me queria.
É estranho pensar nisso agora, porque eu lembro do G. me dando uma pelúcia de my little pony e foi tão significativo pra mim na época, parecia que não só ele me conhecia, mas me aceitava e me amava, sem eu precisar pedir, ele simplesmente sabia. Esquisito porque parece que foi a última vez que algo realmente deu certo, de certa forma... Mas deu errado. Quero dizer, me perdi novamente nos meus pensamentos enquanto escrevia...
Enfim, o que eu tô tentando dizer é: estou lamentando às 4:47 da manhã de um dia dos namorados o quanto eu sou fudida da cabeça por não ter tido amor materno, pelo menos não da forma que eu queria. E esse é o problema, o que eu quero e o que eu tenho são coisas completamente diferentes, o que eu queria e o que eu tive também.
Eu não queria que terminasse assim, como todos meus textos, chego em algum lugar: lugar nenhum.
Talvez seja isso que estou destinada a ser.
Nada.
