quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Todos os dias tem sido o mesmo desde que você se foi.


Eu lembro perfeitamente a última vez que escrevi sobre isso, foram em diferentes plataformas, cada uma explicando como e porquê tudo tinha desmoronado. Eu lembro de jurar que seria a última vez, mas aí que está, nós nunca sabemos quando é a última vez. Tô ouvindo uma música que pouco diz sobre nós, pouco diz sobre você, mas que me trás uma tristeza intensa, uma melancolia passada, um sentimento nostálgico, como se eu tivesse 13 anos de novo. 

Minha psicóloga me mandou anotar o que mudou nesses anos sobre mim, o que eu posso deixar continuar igual e o que eu, talvez, precise mudar ou tenha mudado. Tarefa muito difícil, devo dizer, eu me perdi tantas vezes, eu briguei pra ser algo que eu não era, mas acreditava que poderia ser, eventualmente. Eu me dividi em duas para que eu nunca ficasse sozinha, para que eu pudesse me explicar o tempo todo, sempre que eu fosse uma contradição, afinal, eu queria isso e aquilo e tudo ao mesmo tempo. Mas quando se quer tudo, não se tem nada.

Tudo parece ter mudado ao mesmo tempo que permanece igual, me olho no espelho e não me reconheço, como se eu tivesse presa em outro corpo, em outra realidade, aquela em que os personagens principais deixaram para trás depois do apocalipse, aquela onde deu tudo errado. Eu tô presa com esses pensamentos onde eu parei no tempo, o mundo continuou, menos eu. 

"O mundo"

Será que alguém pode me decifrar? Consegue entender do que eu tô falando sem eu ter que ser direta? Logo eu que sempre me gabo da honestidade e de como eu não falo entrelinhas, talvez isso seja só mais uma forma de me camuflar, uma forma de mostrar e provar pra eu mesma o quanto ninguém está de fato interessado em me conhecer, em como qualquer informação solta pode se tornar verdade absoluta e ninguém questiona aquilo que pode estar encoberto. Mas quem precisa disso?

E voltamos para o início, onde tudo começou e terminou, quando eu tive que dar adeus sem estar preparada e duas perdas seguintes me geraram tanta confusão mental que agora eu não consigo me relacionar com ninguém, não consigo me aproximar, tenho medo de me perder de novo e estando quebrada, tenho medo de nunca mais me encaixar novamente. E isso não é problema de ninguém. Eu preciso resolver tudo isso sozinha, preciso... você não poderia ter me salvado, embora eu estivesse salva... quanta coisa eu perdi por simplesmente não conseguir pertencer?

Me rodeio de pessoas, de coisas pra fazer, livros, jogos, namorados, tudo pra colocar na minha cabeça de que eu não estou sozinha, que eu consigo viver, que eu posso seguir em frente, que eu não tô parada no mesmo lugar, mas eu nunca vivei o luto. EU NUNCA ME PERMITI FICAR TRISTE, DERRAMAR LÁGRIMAS, eu apenas senti raiva, muita raiva, eu queria me vingar, eu queria fazer com que todos sentissem dor, eu queria mudar, fazer diferente, mas tudo se repetia, a fórmula era sempre a mesma, como se eu tivesse andando em círculos, com os mesmos pensamentos, os mesmos problemas e dilemas. O problema é que eu não me lembro de quem eu era antes de você e eu não me lembro de como eu cheguei até aqui, tudo o que eu sou hoje, as pessoas que eu conheci, de certa forma se conectam a você também e se eu me desligasse de tudo, seria como uma vida completamente diferente. Esse pensamento me assombra. 

Eu tô muito assustada em machucar mais pessoas simplesmente porque eu quero que seja diferente, eu preciso me achar, eu preciso me consertar, não da pra ser duas coisas eu preciso juntá-las, preciso me encontrar, preciso ser EU, preciso aceitar o que eu sou, preciso encontrar a parte verdadeira de mim, eu me sinto como uma rosa azul, uma coisa falsa que foi criada a partir de outra coisa pra agradar alguém que assistiu eu morrer e me jogou fora, agora sou inútil. Uau, que intenso.

É, era só isso. Eu prometo que esse ano vai ser diferente. De novo.


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